1945
Alemanha: Em 30 de abril, Adolf Hitler se suicida, quando as tropas soviéticas estavam a dois quarteirões do seu bunker. Em maio, a Alemanha se rende pondo fim à guerra no front ocidental. (O Japão só se renderia em setembro de 1945). Em maio, o exército vermelho captura Berlim e a cidade se divide entre o setor soviético no leste e os setores franceses, ingleses e americanos no oeste.
Berlim: Com o fim da guerra, o governo alemão precisa eliminar os destroços deixados pelos combates e grande parte desse lixo é deixado na bela floresta de Grunewald - criandoTeufelsberg (a Montanha do Diabo), erguida sobre uma antiga escola nazista. No topo desta montanha são instaladas torres de espionagem americanas. Hoje, a área abandonada é point para grafiteiros e para exposições de arte.
1961
Alemanha: Até 1961, 3,5 milhões de alemães orientais fugiram para a Alemanha Ocidental, cuja economia passava por um momento de efervescência. No dia 13 de agosto, a fronteira entre Berlim oriental e Berlim ocidental é fechada. Soldados da Alemanha oriental começam a construir a barreira composta de arame farpado e cercas de luz.
Berlim: Se a Alemanha Oriental foi responsável pelo muro que entristeceu a cidade, ela também construiu o principal símbolo de Berlim, a Berliner Fernsehturm, como propaganda do regime. Essa impressionante torre de televisão e rádio foi erguida entre 1965 e 1969, tem 368 metros de altura e recebe anualmente cerca de um milhão de turistas - que podem degustar pratos típicos num restaurante.
1973
Alemanha: Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental estabelecem relações diplomáticas e são aceitas como membros da ONU. O ano de 1973 também marca o fim do acordo da Alemanha Ocidental com a Turquia para receber “trabalhadores convidados”. Esses trabalhadores deveriam retornar para seu país em 1973, mas acabaram ficando na Alemanha, que hoje tem mais de 4 milhões de descendentes de turcos.
Berlim: O que começou como uma cerca de arame farpado vai aos poucos se tornando um complexo de muros, cercas fortificadas e torres de controles de 156km. O lado oriental é vigiado por cerca de 14 mil guardas. Mais de 200 pessoas morreram tentando atravessar o muro.
1989
Alemanha: Entre maio e setembro de 1989, o governo húngaro abre sua fronteira com Áustria. Milhares de alemães orientais usam essa rota para fugir para a Alemanha ocidental.
Berlim: Dia 04 de novembro, um milhão de pessoas participam de protesto pedindo democracia na Alemanha Oriental. No dia 09, após o governo socialista dizer que serão emitidos vistos que permitiriam a visita ao lado ocidental, milhares de Alemães orientais atravessam o Muro de Berlim e são recebidos com abraços e cerveja. Pessoas munidas de picaretas e martelos tentam derrubar pedaços do muro.
1990
Alemanha: Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental se reunificam oficialmente. Com a ajuda de escavadeiras e guindastes, o Muro de Berlim é completamente derrubado. A queda do Muro acelera o fim do comunismo - e da Guerra Fria, culminando com o fim da União Soviética, em 1991.
Berlim: Um dos símbolos nacionais da Alemanha, o Portão de Brandeburgo (que se localizava próximo ao Muro, do lado oriental) teve a visitação aberta apenas no final de 1989. Nos anos 1990, toda a área do centro, próxima ao Portão, foi revitalizada e se tornou a principal parada turística de Berlim. Além do Portão de Brandeburgo e do Parlamento Alemão, a região abriga o Memorial aos Judeus Mortos da Europa, inaugurado em 2005.
Os alemães se esforçaram ao máximo para se renderem aos ocidentais. Temia-se uma retaliação sovitética à violência alemã na invasão da Rússia. Estima-se que entre 1,4 e 2 milhões de alemãs tenham sido violentadas por soldados russos, 100 mil delas em Berlim. Quando o Muro caiu, uma das exigências soviéticas foi que se preservassem os monumentos em homenagem à vitória dos comunistas.
Os jovens alemães resistiriram à rigidez e ao militarismo que os empurrava para a chamada "juventude hitlerista" se encontrando em clubes secretos para dançar jazz e swing. Esses gêneros eram perseguidos pelos nazistas por serem tocados por músicos negros e judeus. Parte da "juventude do swing" acabou presa ou até mandada para campos de concentração, como registrado no filme "Os Últimos Rebeldes".
A construção do Muro começou a 1:05h da madrugada, sem que ninguém fosse avisado disso. Quando acordaram, os moradores do lado oriental - pegos de surpresa - não podiam mais atravessar para o outro lado. 12 mil berlinenses que trabalhavam no leste e 53 mil que faziam o caminho contrário não conseguiram chegar ao seu trabalho. Pior: famílias e casais foram separados bruscamente.
Entre 1957 e 1961 a Alemanha Oriental produziu um carro que tornou-se seu símbolo, o Trabant - carinhosamente conhecido como Trabi. De baixo desempenho (chegava no máximo a modestos 100km por hora) e com um frágil carroceria de plástico, o Trabi não resistiu a concorrência das montadoras do lado ocidental (Volkswagen, Mecerdez, Audi, etc.), quando o muro caiu.
Enquanto os alemães orientais se esforçavam para criar modos criativos de pular o muro, David Bowie morou na Berlim Ocidental do final dos anos 70. Bowie ensaiava e fazia gravações num estúdio próximo ao muro. O camaleão do pop dividia um apartamento com o avô do punk Iggy Pop, que compôs seu hit "The Passenger" (sim, aquele regravado pelo Capital Inicial) dando voltas de trem pela cidade.
Nascida na Alemanha Oriental, Nina Hagen começou a desenvolver sua carreira no lado socialista do muro até conseguir permissão para emigrar para a Europa ocidental, nos anos 70, onde virou amiga de bandas como Sex Pistols. Em 1985, Hagen foi uma das principais atrações do Rock in Rio e dividiu vocais com Supla na gravação de “Garota de Berlim”. Nos anos 2000, a música ganhou clipe filmado em Berlim.
Após a euforia inicial com a queda do muro, muitos alemães orientais passaram a sentir-se deslocados em meio ao mundo competitivo da nova Alemanha. Eles sentiam falta do pleno emprego, da igualdade e de aspectos culturais da Alemanha Oriental. Os alemães até criaram uma palavra para designar esse sentimento: Ostalgie (fusão das palavras Ost - leste - e nostalgie - nostalgia), que inspirou o filme "Adeus, Lênin".
Em 1989, Roger Waters havia dito que a única maneira de ele tocar “The Wall” ao vivo novamente era o Muro de Berlim cair. Com a queda do muro meses depois, Waters organizou um grande show benefeciente baseado no clássico do Pink Floyd para 350 mil pessoas, em Berlim. Realizado em julho de 1990, o show contou com participações de artistas como Scorpions, Van Morrison e Cyndi Lauper.
Com o aumento da complexidade das defesas do muro, os alemães orientais tiveram que redobrar sua criatividade para tentar atravessá-lo. Em 1979, o mecânico Hans Strelczyk e o pedreiro Gunter Wetzel usaram seus conhecimentos técnicos para construir um balão feito de cobertores velhos e pedaços de tecido. O balão caseiro funcionou e os dois conseguiram sobrevoar o muro e escapar para o lado ocidental com suas famílias.
Enquanto muitos alemães procuram quebrar o muro à picaretadas, outros usam suas paredes como tela para pinturas e grafites. A mais famosa dessas artes foi feita por Dmitri Vrubel, em 1990. A imagem retrata o tórrido beijo entre o líder soviético Brezhnev e Honecker, presidente da Alemanha Oriental. Coisa do passado, o beijo na boca era cumprimento comum entre camaradas comunistas.